Sintomas experimentados por pessoas idosas do Distrito Federal decorrentes da exposição a informações sobre COVID-19

Autores

DOI:

https://doi.org/10.19123/REixo.v13n3.4

Palavras-chave:

pessoas idosas, sintomas, infodemia, COVID-19

Resumo

O avanço da pandemia de COVID-19 ocorreu concomitantemente ao das informações sobre a doença e o vírus, que foram difundidas de forma rápida pelos meios de comunicação. Esse volume excessivo de informações, verdadeiras e falsas, conhecido por infodemia, pode provocar desinformação, pânico e outros agravos à saúde mental. A partir desse cenário, este estudo investigou os sinais e sintomas somáticos, comportamentais, cognitivos e emocionais experimentados por pessoas idosas a partir da exposição a informações sobre a COVID-19, bem como possíveis associações entre eles e o perfil sociodemográfico. Foram investigadas 154 pessoas entre 60 e 90 anos, residentes no Distrito Federal, por meio de formulário eletrônico divulgado em 2020. Correlações significativas, positivas e fracas foram obtidas entre 20 sinais e sintomas e exposição a informações sobre a COVID-19 pela televisão, 13 sinais e sintomas e exposição a informações sobre a doença pelas redes sociais e 4 sinais e sintomas e exposição sobre a COVID-19 pelo rádio. A diminuição da vontade de fazer sexo e o aperto no peito estiveram negativamente correlacionados com a idade, ao passo que houve maior consumo de álcool ou tabaco nos homens e maior prevalência de cansaço e medo de que pessoas queridas morressem nas mulheres. A partir desses resultados, é possível afirmar que a infodemia de COVID-19 contribuiu para desencadear ou agravar sinais e sintomas na população idosa no contexto pandêmico. É de extrema importância conhecer como as informações afetam pessoas na velhice para que sejam planejadas as melhores maneiras de transmiti-las, bem como de mitigar suas consequências.

Biografia do Autor

  • Thais Ribeiro Nicolaidis, Universidade Católica de Brasília

    Graduanda de Medicina pela Universidade Católica de Brasília.

  • Carolinne da Silva Nunes Cruz, Universidade Católica de Brasília

     Graduanda de Medicina pela Universidade Católica de Brasília.

  • Marina Pimentel Freitas, Universidade Católica de Brasília

    Atualmente é Acadêmica de Medicina do 5 ano da Universidade Católica de Brasília (UCB), monitora das matérias Práticas em Ginecologia e Práticas em Pediatria. Membro da diretoria da Liga Acadêmica de Pediatria da UCB (LAPed-UCB), da qual faz parte há 3 anos anos e foi da presidência por 1 ano. 

  • Aline Araujo de Jesus, Instituição Ação Educacional Claretiana

    Possui graduação em Enfermagem pela Universidade Católica de Brasília (2013). Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em Enfermagem em Saúde Coletiva, Segurança do Paciente e Cuidado Integral à Saúde do Adulto e Idoso. Atualmente é supervisora de estágio para alunos de graduação do curso de enfermagem, na Instituição Ação Educacional Claretiana.

  • Henrique Salmazo da Silva, Universidade Católica de Brasília

    Gerontólogo. Bacharel em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP) - Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), Mestre em Ciências pela Faculdade de Saúde Pública da USP (Departamento de Epidemiologia), e Doutor em Neurociência e Cognição pela Universidade Federal do ABC. Foi bolsista FAPESP no doutorado, mestrado e iniciação científica. Atualmente é Coordenador do Programa de Pós-graduação em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília - UCB. Pesquisa temas relacionados a cuidados de longa duração; gestão em saúde; gestão da atenção a pessoa idosa; políticas públicas e a Gerontologia como ciência e profissão; cognição humana; envelhecimento cognitivo e plasticidade; memória semântica e envelhecimento bem-sucedido. É Diretor de Suporte à Profissão da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG - gestão 2023-2025) e Conselheiro Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa do Distrito Federal. Atuou como gestor de centro de convivência para idosos e de Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI)

  • Eduarda Rezende Freitas, Universidade Católica de Brasília

    Psicóloga pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e Mestre e Doutora em Psicologia, pela mesma Universidade, linha de pesquisa Desenvolvimento Humano e Processos Socioeducativos. Professora do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia e dos cursos de Graduação e Pós-graduação em Psicologia da Universidade Católica de Brasília (UCB). Participa de pesquisas nas áreas de Psicogerontologia, Terapia Cognitivo-comportamental e Psicologia Positiva.

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2024-12-26

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Sintomas experimentados por pessoas idosas do Distrito Federal decorrentes da exposição a informações sobre COVID-19. (2024). Revista Eixo, 13(3), 36-46. https://doi.org/10.19123/REixo.v13n3.4

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